“A concepção do natal é um primor de imaginação.”
(Charles Guinebert – foi professor de História de uma das mais tradicionais universidades do mundo, a Sorbonne).
Os mitos do passado se revestem de nova roupagem e são apresentados como algo original. Neste contexto a astroteologia dos povos antigos têm grande influência no pensamento religioso que tomaria lugar séculos mais tarde, principalmente no que se refere ao mito solar.
Na Europa e na Ásia o inverno rigoroso parece extinguir a vida, os campos morrem sob a neve, mas nos últimos dias do inverno, quando a constelação de virgem começa a aparecer no céu, a Terra começa fazer o giro de retorno, é o solstício de inverno, quando o sol começa a dar o ar de sua graça.
É o nascimento do sol, depois de um longo e tenebroso inverno. Assim como os primeiros raios do sol aparecem e são recebidos com esperança, pois faz ressuscitar a flora, reanima a fauna e traz a promessa de novas colheitas, da mesma forma é o nascimento do Messias, que é visto como a divindade solar encarnada; por isto grandes e legendárias figuras do mundo antigo, como reis, faraós, imperadores e grandes sábios eram chamados de “filhos de sol” que na mentalidade antiga é sinônimo da expressão “filho de Deus”.
Kris no sânscrito significa sol, desta forma Krishna tem o sentido de “filho do sol” e Cristo que tem sido traduzido por “ungido”, seria a forma grega do termo indiano, portanto significa também “filho do sol”.
Analogia entre o sol e os Messias, semi-deuses e deuses solares do mundo antigo:
O sol nasce no hemisfério norte; nasce sob a constelação de virgem.
O filho de Deus nasce de uma virgem.
O sol depois do inverno traz a esperança de renovação da vida.
O filho de Deus traz esperança de vida aos que o recebem.
O sol é cercado pelos doze signos astrológicos.
O filho de Deus é acompanhado pelos 12 apóstolos.
O filho de Deus desaparece de forma sangrenta, assim como Osíris, o messias
egípcio, que como diz a lenda foi esquartejado.
Todos os aspectos do mito solar invadem a biografia do Messias judeu e transferem o seu nascimento do plano histórico para o mítico.
Elementos questionáveis do nascimento de Jesus:
I – A idéia de Nascimento virginal – Este aspecto esteve ligado ao nascimento de muitos semi-deuses da antiguidade.
II - A gruta ou estábulo onde Maria teria dado á luz.
III – Anjos cantando nos ares.
IV – A anunciação aos pastores.
V – O dia e o mês – Os pastores estavam apascentando as ovelhas, portanto não era o mês de dezembro, já que neste mês não se apascentam ovelhas na Palestina, é inverno. 25 de dezembro era a data de nascimento de todos os deuses solares da antiguidade.
VI – A presença dos três reis magos – Só o livro de Mateus traz este registro. Os estudiosos do tema concordam que se estes lá estiveram, eram persas e provavelmente adeptos da religião de Zoroastro, cujo deus era Mitra (divindade solar), e como seguidores deste profeta estavam na verdade em busca do menino que seria a reencarnação deste.
VII – A estrela de Belém – Seria uma objeto voador, segundo os ufólogos, ou uma conjunção astrológica, segundo dizem os astrólogos.
VIII – O genocídio patrocinado por Herodes, o grande – É certo que este fato não ocorreu, já que o maior historiador judeu (Flávio Josefo), que viveu próximo desta data nada mencionou sobre o fato.
A celebração do solstício de inverno, festa antiga dos germanos e celtas, foi na Europa antiga comemorada como a festa do nascimento da luz. No mundo frio e escuro uma chama acendia-se e iria crescer até se tornar o sol que dá a vida a tudo. Por isso os romanos comemoravam o solstício de inverno como o nascimento do invencível sol – Solis Invictus – e os egípcios celebravam naquele mesmo dia o nascimento do menino solar Hórus. Em geral o nascimento do menino solar ocorria numa gruta – símbolo da escuridão da matéria.
Assim como o sol vai aparecendo sutilmente no céu nebuloso do inverno, o menino que encarnava o mistério do sol, assim chamado de menino solar, era criado em segredo até se tornar um herói solar. No dia 21 de março – solstício de primavera – ele se manifesta visível para todos, é o Sol do ano novo. Nos meses da primavera ele vence o seu inimigo, as trevas, e finalmente, em 21 de junho o deus Sol chega ao apogeu do seu reino.
Uma vez que o seu inimigo foi vencido ele poderá fecundar a Mãe Terra e fazer de novo brotar a vida. O mito solar, a idéia do Sol como deus, é uma expressão de fé na força que impulsiona a vida no planeta, pois nada no nosso sistema planetário representa com tanta fidelidade a concepção que temos de uma Suprema Divindade, mantenedora e renovadora da vida na Terra.
Foi tentando adaptar-se para melhor absorver os fiéis do mundo não-cristão que a igreja ocidental promoveu a mudança do natal de 6 de janeiro para o dia 25 de dezembro, o que foi amplamente reprovado pelas igrejas da Síria e da Armênia, data que só se tornou oficial no ano de 527 d.C., é bom lembrar que tanto o natal como a páscoa tem origem ligada aos astros, o primeiro ao sol e o segundo a lua.
Do livro Raízes do Cristianismo by W.X.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
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“Para compreendermos a pequenez da nossa condição humana não precisamos olhar o céu estrelado, basta que consideremos as civilizações que existiram milhares de anos antes de nós,que foram grandes antes nós e antes de nós desapareceram. Cada novo achado representa um aprofundamento em novos conhecimentos, mas também significa muitas vezes que precisamos revisar antigos conceitos que aparentavam ser tão seguros.”
C.W. Ceram
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