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sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

ORIGEM COMUM DAS RELIGIÕES - Parte I

Dando uma breve olhada nas filosofias orientais alguns aspectos nos chamam atenção, entre eles a semelhança entre seu ensino e o dos cristãos. Neste ponto vêm a tona algumas indiscretas e fascinantes perguntas: Quantas coisas a tradição cristã absorveu das religiões mais antigas que ela? Não é uma atitude infantil pensar que há apenas uma religião verdadeira e que ela seja justamente aquela que eu professo? Colocados diante da sabedoria universal, vemos que a nossa insignificância é infinita. Então, o estudante é forçado a concluir, como Sócrates: “Só sei que nada sei.” O lado bom de reconhecermos nossa ignorância é que assim começamos a aprender uma importante lição. Há uma inegável ligação entre a mensagem cristã e as antigas tradições religiosas do Extremo-Oriente. Lembro que esta identidade entre o novo e o velho não é casual. O autor do Eclesiastes escreveu: “O que foi, será; o que se fez, se tornará a fazer; nada há de novo sob o céu.” (1:9;)

O estudo comparado das religiões revela milhares de indícios de que existe uma única verdade suprema e infinita inspirando as mais diferentes religiões ao longo de milênios. O principal ensino de Jesus, “Tudo aquilo que vocês quiserem que os homens lhes façam, façam vocês a eles porque esta é a lei...” (MT 7:12;) Este ensino não surgiu com Jesus, pois no século V na China, Confúcio ensinara (Lun-Yu, V-11): “O que não desejo que me façam os outros, tampouco desejo fazê-lo eu aos outros.” No Antigo Testamento lemos no livro de Tobias, que foi provavelmente escrito no século II a.C.: “Não faças a ninguém o que não queres que te façam.” (Tob 4:1b;) A lei da causa e efeito, há muito ensinada no hinduísmo como a lei do carma ou do equilíbrio aparece nos ensinos do apóstolo Paulo: “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará.” (Gl 6:7;)Também no Antigo Testamento o autor do Eclesiastico ensina: “Não faças o mal e o mal não se apoderará de ti; afasta-te da injustiça e ela se desviará de ti. Filho, não semeies nos sulcos da injustiça, para não colheres sete por um.” (7:1-3;)


Quando no passado alguém apresentava fatos contrariando o que fora estabelecido pela igreja, era acusado de heresia e de estar mancomunado com o Diabo. Os inquisitores auxiliados pelo braço secular da lei, conduziam o acusado á prisão e convencido a desdizer o que fora dito, caso contrário seria levado a fogueira. Alguns, como Galileu, se retrataram e a crença errônea de que o sol girava ao redor da Terra continuou vigorando por muitos séculos. Outros, contudo, como Giordano Bruno, preferiram morrer a negar as suas hipóteses. Muitas das mentiras e superstições que ainda hoje permanecem se devem a interferência da religião. Quando lemos em um contrato o termo “Ato de Deus”, nem percebemos que aí está mais uma influência da visão religiosa equivocada, pois ao Criador são atribuídas as catástrofes naturais e fenômenos atmosféricos.

Segundo a mitologia grega, Zeus, geralmente retratado com um raio na mão, o qual corresponde ao Júpiter romano, era o Deus do céu e do tempo, à ele eram imputadas as tragédias como terremotos, furacões e outros. Em cima desta e outras crenças primitivas, os sacerdotes aos poucos criaram um sistema religioso com rituais e cerimônias, cujos vestígios destes ainda hoje aí estão. Por muitos milênios a veneração dos astros - sol, lua, Terra, planetas e estrelas – fazia parte de um sistema religioso predominante nas principais culturas do mundo antigo por nós conhecidas. Neste contexto a astrologia tinha um papel fundamental para estabelecer a harmonia entre os eventos terrenos e os eventos celestiais, refiro-me aos movimentos do sol, da lua e dos planetas. Assim nasceram as religiões primitivas baseadas em solstícios e equinócios. Não é por acaso que o nome de Mitra ainda hoje seja lembrado em expressões como, ”mitra papal, mitra diocesana” e o santíssimo sacramento tenha sido estilizado no formato do sol com seus raios.

As religiões que aí estão foram obviamente sendo moldadas ao longo dos séculos, mas todas guardam resquícios de uma mesma origem. Nenhum dos seus supostos fundadores, os chamados enviados divinos, cogitou elaborar o sistema doutrinário pelo qual estas hoje se fundamentam. Com o cristianismo, foco deste estudo, também não foi diferente, dos diversos grupos cristãos da era primitiva (Jerusalém, Alexandria, colônias gregas da Ásia Menor, Roma, Constantinopla), predominou justamente aquele que caiu nas graças do governante da época, no caso Constantino, até hoje seus toques não nos deixam mentir, mudou a guarda do sábado para domingo, interferiu em questões doutrinarias referente a própria trindade entre outras; Mitra recebeu sua devida honra.

Qualquer religião, com seus dogmas e rituais, apresenta pontos de ligação e mitos relacionados com mitologias primitivas, há muito pouco de originalidade. Em alguns casos é a cópia da cópia mesmo. Se Jesus aqui retornasse provavelmente não reconheceria nenhuma das comunidades religiosas que por aí estão, mesmo as que se dizem mais puritanas, como bem sabemos os únicos mandamentos que ele deixou foi o amor ao próximo e ao Criador.

Uma pergunta que comumente me é feita diz respeito a real existência de Jesus, Buda, Krishna, Zoroastro; além de outras fantásticas figuras menos conhecidas como Apolônio de Tiana, Saint Germain etc. A mitologia é a história metamorfoseada, transformada e desfigurada pela tradição, precisamos ter um filtro especial para avaliarmos os mitos e tal instrumento não encontramos na livraria da esquina, só os iniciados nos grandes mistérios, principalmente os garimpeiros de obras como as de H.P. Blavatsky, é que poderão delinear o que é e o que não é.

Os nascimentos virginais aparecem como um fato que não pode ser menosprezado se quisermos entender uma das crenças que sustenta a teologia cristã. O homem primitivo divinizava o sol, pois concluiu que este havia fecundado a Terra virgem como seu calor e com as chuvas, seu sêmen. Desta união surgiu a natureza. Esta crença foi se solidificando com o passar dos séculos. Na mitologia grega Apolo é apontado como um deus solar, mas além dele Hércules, Baco, Hermes, Adônis etc. O próprio imperador persa Ciro, o grande (559-530 a.C.), era considerado filho do sol. Na antiguidade os homens que se destacavam na vida social por seu carisma, imperadores, reis; e também notáveis mestres, eram chamados de “filhos do sol”, um sinônimo da expressão “filhos de Deus”. Continua...

Vide - Raízes do Cristianismo by W.X.

http://youtube.com/watch?v=QQ-kvw1fYXs



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Para compreendermos a pequenez da nossa condição humana não precisamos olhar o céu estrelado, basta que consideremos as civilizações que existiram milhares de anos antes de nós,que foram grandes antes nós e antes de nós desapareceram. Cada novo achado representa um aprofundamento em novos conhecimentos, mas também significa muitas vezes que precisamos revisar antigos conceitos que aparentavam ser tão seguros.”

C.W. Ceram